É possível que, apesar de já ter ultrapassado a casa dos vinte há alguns bons anos, continue a comportar-se como um teenager, sem que o seu organismo se perceba esse fato. A questão é que, alguns fatores de risco, como a tensão arterial elevada, alimentam-se, paradoxalmente, desse contraste biológico. Se seguir a regra da maioria dos homens, pensa que ainda lhe resta muito até vir a fazer parte do grupo dos queixosos, até ao dia em que o seu médico de família o manda arregaçar a manga para fazer o check-up de rotina da tensão arterial e o indicador parar nos 147/98 mililitros. Nessa altura, é provavel que se perceba que tem um "problemazinho" e necessita urgentemente fazer baixar a tensão até aos padrões normais, ou seja, 120/80 ml.
O problema é que apesar da sua juventude (e de estar bem conservado), os números não enganam. A maior parte dos homens jovens do mundo ocidental que sofre de hipertensão desconhece-o, é por isso que a chamamos de "inimigo silencioso". A hipertensão não apresenta sintomas, sendo por isso ainda mais perigosa, mas uma tensão alta significa que o coração tem de se esforçar mais para conseguir bombear o sangue para o corpo todo. Outras consequências é o envelhecimento precoce das paredes dos vasos sanguíneos, fatos que põe em risco a irrigação e o funcionamento de órgãos como o cérebro, rins ou coração. Por isso que se diz que quanto mais alta for a tensão arterial (T.A.), maior o risco de doença cardiovascular.
O que é Tensão Arterial?
“A tensão arterial é a pressão do sangue dentro do coração e das artérias. É descrita por dois valores, conhecidos vulgarmente como a máxima (sistólica) e a mínima (diastólica). O valor mais alto é referente à pressão provocada pela contração do coração e o valor mais baixo é a pressão nas artérias quando o coração relaxa entre duas contrações. Tensão Alta é definida por uma tensão arterial frequentemente igual ou acima de 140 mmHg (sistólica) ou igual ou superior a 90 mmHg (diastólica)”, explica a Dr. Marianne Ferreira, da Associação Portuguesa de Medicina Preventiva (http://medicinapreventiva.pt).
Amigos da Hipertensão
Além de todos os danos já mencionados, a hipertensão está ainda na origem de algumas patologias, tais como:
- Disfunção erétil: Tal como as restantes cardiopatias, a hipertensão faz-se acompanhar muitas vezes da dificuldade em manter uma ereção. O problema reside no fato da T.A. se caracterizar pelo estreitamento dos vasos sanguíneos de todo o corpo, pênis incluído.
- Doenças renais: Juntamente com o coração e o cérebro, os rins são um dos órgãos mais susceptíveis de saírem prejudicados com a hipertensão e vice-versa. O professor Mark Welton, da Universidade de Stanford (EUA), advertiu recentemente que “os vasos sanguíneos que se encontram nos rins, quando muito pequenos, são muito vulneráveis aos ataques da hipertensão”.
- Apneia do sono: Esta doença faz com que a nossa respiração sofra interrupções enquanto dormimos. Além de fazê-lo roncar como se fosse o Chewbacca e tivesse engolido uma bola de pêlo do tamanho da Estrela da Morte, causa uma sobrestimulação crônica do sistema nervoso, que pode acabar num aumento da pressão arterial.
- Diabetes: Duas doenças que andam de mão dada, Ambas provocam, entre outras coisas, estreitamento das paredes dos vasos sanguíneos.
Tome Medidas
A pressão arterial não é estática: pode variar até 100.000 vezes ao dia. Por isso, uma única medição não é o suficiente para avaliar se padece verdadeiramente de tensão alta. Uma refeição abundante, uma peça de roupa grossa ou, simplesmente o stress provocado em algumas pessoas pelo simples fato de entrarem num consultório médico (a conhecida “síndrome da bata branca”), podem alterar os valores da medição. Alguns médicos consideram que o ideal seria medi-la três vezes ao dia, mais existem alguns truques para ser mais fiável.
- Sem roupa: Em investigação realizada na Universidade de Tel Aviv (Israel) demonstrou que se a roupa é volumosa ou comprime o tronco, pode alterar a leitura. Especialistas indicam que se faça a medição sempre com uma peça (t-shirt, camisa fina) com menos de dois milímetros de grossura.
- Não finque o cotovelo: Diferentes estudos demonstraram que essa posição eleva alguns pontos a leitura do mercúrio. Para um resultado mais fiável, deve manter o braço a mesma altura do coração.
- Sente-se: É mais recomendado que nos encontremos completamente relaxados no momento de medi-la. Não é preciso deixar-se dormir em frente da farmacêutica, mas simplesmente sentar-se um quarto de hora antes. Permanecer em pé ou fazer algum tipo de exercício (por muito moderado que seja) leva a um estreitamento (momentâneo) das artérias e dos vasos sanguíneos.
Algumas dicas:
Menos açúcar, mais amêndoas: A alimentação constitui um dos mais importantes fatores na prevenção e controle das doenças cardiovasculares. O excesso de sal, gorduras, o consumo de álcool e de açúcares de absorção rápida, por um lado e a ausência de legumes, vegetais e frutos frescos, por outro, são dois importantes fatores de risco associados às doenças cardiovasculares.
- Evite manteiga, margarina, banha, queijos curados e natas;
- Evite carnes gordas (vaca e carneiro), produtos de salsicharias e charcutaria (toucinho, bacon, chouriços, enchidos) e miúdos de frango;
- Evite métodos culinários que utilizem muita gordura ou gorduras sobreaquecidas, como refogados, fritos, assados no forno e molhos gordurosos;
- Prefira o azeite cru como gordura para tempero e confecção dos alimentos;
- Diminua a ingestão de açúcar (no chá, no café);
- Limite o consumo de produtos açucarados (chocolate, mel, compotas, bolachas, bolos e doces de uma maneira geral);
- Evite sumos e refrigerantes.
Faça qualquer tipo de exercício físico: Até com bolas anti-stress. Um estudo publicado no European Journal of Apllied Physiology revelou que apertar uma simples bola de borracha (dois minutos, quatro vezes ao dia, durante oito semanas) reduz em 15 pontos a pressão arterial sistólica e em cinco a diastólica.
Não beba em jejum: O poder vasodilatador dos dois milagrosos copos de vinho tinto desaparece quando ingeridos com o estômago vazio. Nestes casos, a hipertensão pode disparar 50%. O mesmo acontece com o café, capaz de elevar a pressão sanguínea até uns 5 miligramas.
Opte por uma bebida absolutamente natural e livre de álcool: Como o sumo de tomate, parece que o licopeno, o antioxidante responsável pela cor vermelha pode ajudar a diminuir a hipertensão até 10 pontos. Pelo menos é o que refere um relatório publicado no American Hearth Journal, que afirma ainda que os benefícios do tomate aumentam quando ingerido sob a forma de sumo.
Tempere com sabedoria: Reduza a quantidade de sal utilizado na confecção dos alimentos, substituir por cebola, alho, tomate, pimenta, louro, especiarias (colorau, açafrão, noz moscada) e ervas aromáticas (salsa, coentros, hortelã, rosmaninho, poejos, alecrim), evite produtos classicamente salgados (batatas fritas de pacote, conservas, aperitivos, caldos de carne/ galinha), evite alimentos pré-preparados e confeccionados pela indústria.
Mas não seja de extremos: Não precisa pôr o saleiro fora, o sódio é imprescindível à nossa sobrevivência. Contudo, não se esqueça de que já se encontra presente em muitos alimentos consumidos, sobretudo nos pré-confeccionados e no pão.
Dedique-se à faxina: Se não gostar de fazer desporto, praticar meditação ou simplesmente relaxar ao som de uma música chill out, agarre o esfregão e comece já a abrilhantar o chão. Limpar a casa não só é um exercício físico (desde que implique algum esforço), como o distrai de outros assuntos. Além disso, a ordem e a satisfação de saber que o seu lar está apresentável contribuem para o seu bem-estar emocional.
Evite passar o dia sob nervos: Se está no meio de uma situação mais problemática, pense em si, na sua saúde e acalme-se. São só alguns minutos. As opções são muitas: yoga, exercícios de respiração e relaxamento, massagens, apanhar ar, molhar o rosto com água fria ou simplesmente dar uma gargalhada. Qualquer atividade que implique o repouso do corpo pode fazer descer em mais de 15 pontos a pressão arterial. (Men's Health 2009)